A Vontade Divina do Deus Perfeito
Adão buscou perdão para seu pecado e Deus aceitou. Outro ponto crucial que deve ser mencionado é que Deus criou os humanos com um livre arbítrio, e Ele sabia que a humanidade pecaria. Por essa razão não se espera que nenhum humano seja perfeito mas, ao contrário, Deus sabe que pecarão. O que é esperado dos humanos é que se arrependam de seus pecados. O Profeta, que Deus o louve, Disse:
“Todos os filhos de Adão cometem erros repetidamente, mas os melhores entre aqueles que cometem erros são aqueles que se arrependem.” (Ibn Maajah)
O Profeta também disse:
“Por Aquele em Cujas Mãos está minha alma (ou seja, Deus), se não cometerem pecados Deus os exterminará e fará vir uma raça que cometa pecados. Eles pedirão perdão de Deus e Ele os perdoará." (“Então se arrependeu o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração.”Al-Tirmidhi)
Deus menciona no Alcorão o que aconteceu entre os anjos quando Ele anunciou a criação dos humanos, e disso vemos que era do conhecimento de Deus e parte de Seu Grande e Divino Plano que humanos pecariam. Deus diz:
"(Recorda-te ó Profeta) de quando teu Senhor disse aos anjos: ‘Vou instituir um legatário na terra!’ Perguntaram-Lhe: ‘Estabelecerás nela quem ali fará corrupção, derramando sangue, enquanto nós celebramos Teus louvores, glorificando-Te?’ Disse (o Senhor): ‘Eu sei o que vós ignorais.’” (Alcorão 2:30)
Também está claro desses versículos que Deus não criou os humanos como imortais, e que a morte estava prescrita para eles desde o início de sua criação. Quanto às consequências do pecado de Adão, que foi sua extradição do Jardim, ela foi sentida por aqueles que vieram depois dele, o que é natural. Se alguém fica bêbado e tem um acidente de carro e alguns dos passageiros morrem, o pecado do motorista afeta os passageiros em sua morte, mas isso não significa que os passageiros são responsabilizados pelo pecado do motorista.
O Inocente
Outra questão que deve ser tratada é o destino daqueles que vieram antes da alegação de que Deus encarnou e Se sacrificou pelos pecados da humanidade, assim como o destino daqueles que não foram batizados, uma vez que o batismo é um ritual que todos os cristãos devem realizar para se purificarem do Pecado Original. Na crença cristã todos os humanos antes da encarnação de Deus, incluindo os Profetas e bebês, geralmente considerados como sem pecado, não estão livres do Pecado Original de Adão e, portanto, não podem entrar no Reino dos Céus, como Agostinho disse: “Não creia, nem diga, nem ensine que bebês que morrem antes do batismo podem obter a remissão do pecado original.”[3], significa que Jesus desceu ao Inferno para libertar as almas virtuosas que estavam lá devido ao pecado de Adão. Isso nos leva a acreditar que todos aqueles antes da vinda de Jesus estão no Inferno, mesmo se foram virtuosos. Paulo mencionou isso em Gálatas:
“... um homem não é justificado pelas obras da lei... por obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2:16)
Aqui está claro que a aderência aos mandamentos de Deus não é suficiente para salvação, mesmo aqueles antes de Jesus. Isso também é verdadeiro para aquele que não receberam a mensagem do Cristianismo. Devemos nos perguntar: por que os Profetas antes de Jesus não chamaram a atenção para essa noção de pecado original? Eles mentiram quando disseram que era suficiente adorar o Deus Único e obedecer Seus mandamentos para alcançar o Paraíso? Por que Deus não veio e libertou a humanidade do pecado no tempo de Adão para que os virtuosos e outros não entrassem no Inferno devido ao pecado dele? Por que bebês, a humanidade antes de Jesus, e outros que não ouviram sobre o Cristianismo, são responsabilizados por um pecado que nunca cometeram e nem têm conhecimento sobre o que fazer para serem perdoados? A verdade é que a noção de “Pecado Original”, como muitas outras, foi introduzida por Paulo e posteriormente explicada pelos eruditos e concílios cristãos.
“O Velho Testamento não fala nada sobre a transmissão de pecado hereditário para toda a raça humana...a principal afirmação escritural da doutrina é encontrada nos escritos de São Paulo...”[5] O Segundo Concílio de Orange (529 E.C) declarou: “Um homem transmitiu para toda a raça humana não apenas a morte do corpo, que é a punição do pecado, mas o pecado em si, que é a morte da alma.”
“...nenhum pecador arcará com a culpa alheia. Jamais castigamos (um povo), sem antes termos enviado um mensageiro.” (Alcorão 17:15)